A noite foi de frenesim, expectativa, e muita emoção. Tudo apontava para um grande espectáculo, e o Parque reinventou-se! Fez lembrar as grandes noites de décadas atrás em que o recinto se enchia de artistas e famosos para assistir a uma estreia de Teatro. E ela aconteceu, superando em muito as expectativas, subindo a fasquia que deverá ser mantida, custe o que custar. O Teatro Maria Vitória tem em cena uma das melhores e tradicionais revistas à portuguesa dos últimos anos, com uma linguagem modernista e um elenco fabuloso. Hélder Freire Costa tem um grande espectáculo em cena, e Flávio Gil, actor, encenador e autor, em parceria com Miguel Dias e Renato Pino têm assinado um grande espectáculo de revista na catedral de tão grandes memórias e tradições. Com uma abertura imparável, o espectáculo segue um ritmo impecável até final acabando no momento certo. Poucas vezes em Estreias assisti a esse sucesso: saber construir um espectáculo onde pouco há que ‘aparar’. E depois temos a sensação invulgar de sentir que todos os actores e bailarinos estão a trabalhar para o mesmo “monte”, o sucesso, sem vedetismos nem as ultrapassadas exigências de “big stars”. Não sou crítico de teatro, sou público, exigente talvez por formação, por isso não me debruçarei sobre o conteúdo. Mas não posso deixar de referir algo de justiça, naquilo que é a minha opinião: Um Paulo Vasco no ponto mais alto da sua carreira; um Miguel Dias actor de corpo inteiro, da comédia ao drama imparável; uma Susana Cacela actriz comediante por excelência; uma Rosa Maria Villa de regresso à revista com uma “bêbeda” portentosa; um Flávio Gil com um “treinador” impagável e um “alcoólico” de cortar a respiração, ainda um conjunto de jovens actores (Patrícia Teixeira, Pedro Silva e Salomé Moedas) no seu melhor, e ainda um corpo de baile que além de dançarem bem, ainda representam. Nos tempos que correm, não se pode exigir mais, e o público em geral tem de saber, e ver que o Parque Mayer está vivo e recomenda-se! Obrigado a todos, actores, actrizes, técnicos, autores, Maestro Eu Génio Pepe… que fizeram a minha alma rir, emocionar e ficar feliz com este sucesso! – Claro que em breve, irei ver outra vez, para melhor saborear, porque hoje foi um ‘trailer’ exuberante e frenético a que assisti. – Viva o Teatro de Revista!
Texto: Carlos Scarllaty
Fotos: Jorge Torres Carmona