No dia 23 de novembro de 2024, na MEO Arena, pelas 21h30min, assisti ao início do concerto de celebração da edição de “Viagens”. “Viagens 3.0” é o regresso de Pedro Abrunhosa aos palcos. Num ambiente calmo, amigável e sem pressa, Pedro Abrunhosa conduziu o evento de um modo simples e dinâmico.
Conheci a música do Pedro Abrunhosa através do meu irmão Bolinha que assistiu a um concerto do Pedro Abrunhosa quando Lisboa foi a “Capital Europeia da Cultura”, em 1994, ano de publicação do álbum “Viagens”. Aplicou-se o ditado “Água mole em pedra dura…”, tantas vezes ele ouviu o álbum que comprou, eu aprendi a apreciar as letras e o trabalho de Pedro Abrunhosa.
Estes concertos, deste ano, assinalam os 30 anos de publicação do primeiro disco. Ainda bem que desta vez consegui, não me passou ao lado, foi um presente de “mim para mim”.
Pedro Abrunhosa falou das guerras que estão sempre a acontecer. Segundo ele é o pior dos males, os oprimidos, as palavras têm de ser ditas e o silêncio é muito fácil de fazer.
Referiu a importância de denunciar crimes de ódio para conter os ciclos de violência.
Foram recordadas situações de guerra em vários locais do mundo, da nossa casa planetária.
Canções interventivas que denunciam situações sociais incorretas apelando à solidariedade.
Falou dos dialetos que existem em todo o país, em Portugal.
Reforçou que “Somos muito diferentes uns dos outros, mas somos um país maravilhoso”.
Será? Uma canção com uma pergunta que esconde muitas outras.
Como consolar um pai que perdeu uma filha?
O público participou com lanternas que pareciam pirilampos a iluminar o céu noturno.
Um apelo: Meu Deus, Meu Deus, da canção “A.M.O.R.” acompanhado de um solo de guitarra elétrica, momento solene em respeito à perda.
Recordou Zeca Afonso, Fausto, Carlos do Carmo e outros fadistas.
Seguiu-se um bom momento com a fadista Sara Correia, com voz forte, linda e expressiva. Foi uma descoberta para mim, uma surpresa muito agradável.
Vários foram os convidados, dar oportunidade aos mais jovens, assim é um mestre e professor.
“A música portuguesa tem uma belíssima nova geração”, palavras do Pedro Abrunhosa.
“Enquanto não há amanhã, ilumina-me”!
Assim foi a previsão para terminar o concerto.
Apesar da ausência de Maceo Parker, o som forte e intenso do saxofone esteve sempre presente.
O público chamou, bateu palmas e pediu mais.
Regressaram ao palco com o Grupo de Cante Alentejano “Os Camponeses de Pias”.
Pedro Abrunhosa recordou que o Cante Alentejano foi considerado Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO há cerca de 10 anos.
“Lua, Lua quero ver o teu brilhar” fez ressoar o som no recinto, tantas vozes do público a acompanhar os cantores.
A canção “Quero voltar para os braços da minha mãe”, linda como sempre, na voz possante da fadista Sara Correia. Esta canção Recorda-me uma colega que trabalhou na minha escola, a Manuela C. que, quando estava a trabalhar, distraída, cantarolava esta canção.
Pedro Abrunhosa referiu que “A cultura é fundamental para a Democracia.”
E mesmo para terminar foi o adeus, recordar o “Senhor do Adeus” que já partiu, juntando-se aos seus antepassados!
O tempo passou e chegou para tudo. O concerto começou ontem e terminou hoje, já passava da meia-noite quando foi dito o último “Boa noite Lisboa”!
Excelente! Superlativo!
TEXTO: Lady Ororo Adonisa