Quinta-feira, Fevereiro 13, 2025
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O fado esteve em Santa Casa nas noites quentes de Alfama

Num início de Outono com temperatura de Verão, as ruas cheias de Alfama fizeram lembrar os Santos Populares, nestes dois dias de Santa Casa Alfama, com os festivaleiros misturados a cada esquina com quem passava, jantava ou vendia o que podia.

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Espalhado por doze palcos, da humilde coletividade de bairro à opulência de um auditório de advogados, passando por igrejas e o verdadeiro palco de festival, no Terminal de Cruzeiros, o festival de Alfama partilha a lógica do Super Bock em Stock, acrescentando-lhe um pormenor que só lhe traz calor humano: os espaços ao ar livre, que lhe dão vida entre aqueles que amam o fado e, mesmo sem comprar bilhete, assistem do lado de fora, até mesmo aos grandes nomes.

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Consagrados, vozes promissoras e até nomes mais improváveis fizeram parte do cartaz, como Júlio Resende, que na Igreja de São Miguel deu um espetáculo único, até porque improvisado, mesclando jazz e fado, perante lotação esgotada.

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Também o Fado à Janela, numa varanda do sempre repleto Largo de São Miguel, mostrou que é mesmo verdade que em equipa que ganha não se deve mexer, algo que certamente voltará a acontecer na próxima edição, já anunciada para setembro de 2024.

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O Palco Bogani, no Grupo Sportivo Adicense, também se encontrava na temperatura certa, quando o visitámos ainda na primeira noite, durante a atuação imaculada de Conceição Ribeiro, de onde seguimos para o Palco Amália, a tempo de ouvir a participação de José Cid, como convidado de Mário Lundum. Pelo caminho, tempo ainda para dar atenção a Francisco Salvação Barreto, na Esplanada do Museu do Fado, porque o Santa Casa Alfama é mesmo assim, com muito a acontecer em simultâneo e a vida é feita de escolhas.

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Com isto já decorria a Homenagem a Hermínia Silva, por Anabela, FF, Filipa Cardoso e Lenita Gentil, a que se seguiu Camané no palco principal, que, como seria de esperar, justificou o seu lugar no alinhamento, a fechar a noite.

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No segundo e último dia, Em Casa D’Amália passou pelo rooftop do Terminal de Cruzeiros. O destaque no elenco foi para Raquel Tavares, num regresso aos palcos nacionais e com o público a demonstrar todo o carinho que tem por ela.

Também num terraço, mas muito mais acima, no Memmo Hotel Alfama, Teresa Brum, acompanhada por uma lua extraordinária, deliciou o restrito número de espectadores. E com o cair da noite, era tempo de voltar a descer Alfama, rumo ao palco principal, a que a Santa Casa não só deu o nome, como mostrou trabalho, através da interpretação das atuações em língua gestual, algo que só pode vir a tornar-se regra e não exceção.

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No caminho para o fim, seguiu-se a enorme Teresa Salgueiro, a que seguiu Sara Correia, que apesar de não precisar, confirmou que é um dos trunfos com que se vai jogar o futuro do fado. Aos 30 anos, a menina de Chelas fechou ali um ciclo, com novo álbum aí a rebentar e terá sem dúvida aberto o apetite para os Coliseus, em março do próximo ano.

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