Se os Bateu Matou tinham à sua frente a plateia mais despida entre os arranques de palco principal, ao longo dos quatro dias de festival, (e também é verdade que estariam mais defendidos num dos palcos mais aconchegadores), uma breve ronda por Rita Rocha e Da Chick mostrava que o problema era geral. As altas temperaturas certamente que contribuíram para isso, arrastando a chegada ao recinto para uma hora mais tardia.
Certo é que, à chegada dos regressados Excesso, já a conversa era obviamente diferente: muitas famílias com mães dançarinas e filhos pequenos mais alheados, mas entretidos. A festa foi festa e a seguir ao comboio de êxitos, estava na hora de procurar jantar mais longe dali, talvez para perto de Pedro Mafama, antes que chegasse Regula e o seu arsenal de palavras para outro escalão.
Irrepreensível, o homem do Catujal ainda trouxe convidados e tudo, mas os cerca de quarenta minutos voltaram certamente a deixar água na boca a quem ali estava com a testosterona em alta e não sabia exatamente o que fazer a seguir.
Isto se não estivessem acompanhados, pois as probabilidades de convencer uma donzela a ir arejar e arriscar perder o lugar era baixa… vinha aí Ivandro. O elogio que se pode deixar a esta estrela em ascensão que ainda não dá para perceber onde irá parar é que, mesmo não consumindo deliberadamente a sua obra, são várias as vezes em que vem aquele pensamento do, “ah, esta também é dele”. Agora é transportar isto para os verdadeiros fãs, que só podem ter saído dali de barriga cheia.
E se a vida é feita de escolhas, cerca das 23 horas ficava-se perante uma tripla ameaça: Vítor Kley, Ena Pá 2000 ou Matias Damásio? Deve-se dar prioridade aos mais velhos, até porque quem sabe se será mesmo a última subida ao palco, como já prometeram mais que uma vez. E foi o que fizemos, envolvidos por uma plateia multigeracionial deliciada com as criações de Manuel João Vieira e companhia, que acedeu aos pedidos por “só mais uma” (deixamos um abraço a quem ordenou que se parasse a publicidade que já desfilava nos ecrãs e permitiu que o palco se voltasse a iluminar). E acabaram por até ser mais duas, com uma bailarina já sem a peruca azul e tudo.
De óculos escuros a condizer, Lon3r Johny & Plutonio encerraram o palco principal, fazendo ainda levantar pó entre os muitos que não estariam assim tão preocupados com a hora de levantar no dia seguinte, repartindo o fim de festa com Kura noutra extremidade do parque, nesta quarta e última noite de um festival que, se já está bem assim, ainda tem potencial para crescer.
Texto | Hugo Vinagre Fotos | Jorge Torres Carmona