Quarta-feira, Maio 1, 2024
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A noite em que bastava não falhar

No dia do meio, o Super Bock Super Rock quase que só tinha de cumprir calendário para ficar na história, particularmente do hip-hop nacional.

O motivo era simples: depois de uma atuação que não chegou a acontecer há uns anos, o mítico coletivo de Staten Island, Nova York, que dá pelo nome Wu-Tang Clan, iria finalmente estrear-se em Portugal, ao fim de três décadas.

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Quando tal se proporcionou, já os 1975 estavam contratados, confidenciou Luís Montez, mas a Música no Coração não podia desperdiçar a oportunidade e tudo se encaixou, num dia que se tornou mais eclético do que seria imaginável.

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A curta atuação dos Wu-Tang (menos de uma hora), foi valorizada pela comparência de quase todo o coletivo, o que é relativamente raro: dos nove, só faltou Method Man. Valeu pela experiência e desfilar de clássicos, a que a presença de uma banda adicionou uma roupagem algo diferente e interessante.

O palco principal tinha sido aberto por Sam The Kid, na versão com os irmãos de Orelha Negra e orquestra, a que se seguiu Nile Rodgers & CHIC, com a lenda a fazer desfilar êxitos atrás de êxitos, selecionados entre os que ajudou a criar nas últimas décadas. Fossem com Madonna, Beyoncé, Daft Punk ou David Bowie, o mais certo era que o público os conhecesse e fosse embalado, tal como aconteceu, ao longo de uma viagem bem animada.

Foi neste ponto da festa que chegaram os já referidos 1975, que apesar de ocuparem a posição de cabeça de cartaz e do mundo estar cada vez com menos separações entre géneros, terão servido de pausa para jantar a muitos dos quase 20 mil festivaleiros, sem ignorarmos os gritos das fãs mais animadas.

Nos palcos secundários, Holly Hood, Sampa the Great e o histórico DJ Premier também encheram as medidas aos discípulos de Wu-Tang, especialmente a atuação do célebre DJ, que tinha a tenda rendida aos clássicos que selecionou, numa aula de história sempre pontuada pela sua intervenção ao microfone, quase como hype man do que ia passando.

Neste ponto, existia cada vez mais vestuário dos Wu-Tang Clan, a um nível que só se compreende mesmo pela inédita visita a Portugal. Provavelmente, se num exemplo absurdo outra banda estivesse a oferecer o seu merchandise, mesmo assim não conseguiria competir.

No palco principal, a festa foi fechada e de que maneira pela belga Charlotte de Witte, num espetáculo visual e de potência sonora que seguramente levantou todo o parque de campismo, reunindo uma enorme massa humana à sua frente, que minutos antes não estava em nenhuma zona do recinto. Montez diz que ela quer vir à Altice e, pela amostra, não terá dificuldade em esgotar a arena.

Quem por ali ficou, cruzou-se com os sons de Nuno Lopes, que pareceu estar a desfrutar enquanto dava prazer aos que ainda não tinham admitido que a noite, pelo menos ali, estava no fim.

Texto | Hugo Vinagre
Fotos | Jorge Torres Carmona
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