O artista madeirense mostra as duas faces da mesma moeda, aventurando-se por novos horizontes e aprimorando as zonas que tão bem domina.
A chave está no mar. Sempre esteve no caso de Van Zee, aliás. Desde o nome pelo qual decidiu responder artisticamente à fluidez com que tem navegado pelo panorama nacional adentro. Essa obstinação em chegar a bom porto tem-lhe valido o devido reconhecimento, e agora é hora de apontar a outras fronteiras: “International Bizz” é essa reivindicação de quem, por um lado, veste a camisola da sua terra para onde quer que as marés o levem e, por outro, não se guia por mais nada que não o seu sentido de orientação e os desígnios dos ventos e das correntes.
Essa camisola é simbólica na peça de roupa que fecha o contrato em “International Bizz“: edição exclusiva desenhada pela YBC para o novo tema de Van Zee, como forma de assinalar a causa que o próprio representa — “A vida na crista da onda é demais p’ó Zee, mas é lá que há notas”. E em “notas” leia-se “longevidade”.
Daí que entre “Seguir as ondas do mar ’tá a fazer sentido”, de uma, e “Entrelaço os meus dedos nos teus cabelos, somos ondas do mar”, da outra, se estabeleça uma ponte bem visível. Não é por acaso que “Laços” sucede imediatamente a seguir a “International Bizz“, ainda que pareçam estar em duas margens opostas. É que a batida de Nort e FRANKIEONTHEGUITAR, com que Van Zee tem conquistado placas e acordos, bombeia ao mesmo ritmo que o coração de Sebastião Caldeira quando este fala de amor. E as ligações não se ficam por aí: o abrigo que encontra a voltar “Para Casa“, a intemporalidade dos “beijos na boca” ou as “Chamadas” registadas em vídeo por Tommy Loureiro em ambos os temas são indícios flagrantes das coordenadas pelas quais Van Zee inevitavelmente se encontra, esteja onde estiver.
Do jersey club à love song vai, por isso, uma distância bem mais curta do que seria de esperar. “International Bizz” representa esse assalto às novas tendências, e essa batida mantém-se no sobressalto que significa “Laços“. Do mar veio e para o mar vai. Desde “comprar uma casa no seaside” a “inundar o navio e espalhar o ‘seu’ brilho sozinho no mar”, este é um homem numa só missão. Aqui, concretiza-se uma dupla etapa. E a revelação final está mais próxima do que nunca…