Quinta-feira, Março 20, 2025
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Deborah Colker anuncia sessão extra do espetáculo “Cão Sem Plumas” em Portugal

Nome incontornável da dança, coreógrafa traz a sua premiada companhia para quatro apresentações, no Teatro Tivoli, em Lisboa. A nova sessão será no dia 23 de novembro, às 18H00

Após o sucesso de vendas das primeiras datas, a renomada coreógrafa e diretora brasileira, Deborah Colker, anuncia sessão extra do premiado espetáculo “Cão Sem Plumas” no Tivoli BBVA, em Lisboa. A nova apresentação será no dia 23 de novembro, às 18h. As outras três serão em 21, 22 e 23,  às 21h30.

“Que maravilha estar chegando a hora de voltar a Portugal! Que saudades de Lisboa. É uma honra levar, com esse espetáculo, o nosso grande autor brasileiro João Cabral de Melo Neto”, disse a coreógrafa que ganhou com “Cão Sem Plumas” o renomado “Prix Benois de la Danse” na categoria coreografia.

Deborah Colker, ao longo de sua carreira, tem sido uma pioneira na fusão de diferentes formas de arte. Seja nos espetáculos de dança em palcos tradicionais ou à frente da comissão de frente de uma escola de samba no carnaval carioca ou até mesmo na direção de uma ópera em Escócia. Deborah ainda foi a primeira mulher a comandar um show do Cirque du Soleil. É da brasileira a criação de “Ovo”, da companhia canadiana, que coincidentemente também terá apresentações em Lisboa, em dezembro.

Com a digressão de “Cão Sem Plumas”, Deborah Colker continua a demonstrar a sua dedicação em partilhar a sua visão única e inspiradora com o mundo. O espetáculo, que estreia em Portugal, já foi visto por mais de 400 mil pessoas. A última temporada no Rio de Janeiro, em setembro, teve os bilhetes esgotados em todas as sete sessões disponíveis. “Cão Sem Plumas” também passou por outras 50 cidades brasileiras e teve digressões por Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha e Uruguai. 

Literatura e cinema

“Cão sem Plumas” é baseado no poema homónimo de João Cabral de Melo Neto (1920-1999). O poeta tem profundas ligações com Portugal, já que viveu por cinco anos no Porto (1982-1987) como diplomata.

Publicado em 1950, o poema acompanha o percurso do Rio Capibaribe, que corta boa parte do estado de Pernambuco. Mostra a pobreza da população ribeirinha, o descaso das elites, a vida no mangue, de “força invencível e anônima”. A imagem do “cão sem plumas” serve para o rio e para as pessoas que vivem no seu entorno.

No espetáculo, dança mistura-se com o cinema. Cenas de um filme assinado por Deborah e pelo pernambucano Cláudio Assis –  realizador de longas como os premiados “Amarelo Manga”, “Febre do Rato” e “Big Jato” – são projetadas no fundo do palco e dialogam com os corpos dos 14 bailarinos. As imagens foram registadas em novembro de 2016, quando coreógrafa, cineasta e toda a companhia viajaram durante 24 dias pelo interior do estado de Pernambuco, passando pelo sertão e agreste, até chegar à capital, Recife.

A jornada também foi documentada pelo fotógrafo Cafi, nascido em Pernambuco. Na trilha sonora original estão mais dois pernambucanos: Jorge Dü Peixe, da banda Nação Zumbi e um dos expoentes do movimento mangue beat, e Lirinha (cantor do Cordel do Fogo Encantado, poeta e ator), além do carioca Berna Ceppas, que acompanha Deborah desde o trabalho de estreia, “Vulcão” (1994).

Outros antigos parceiros estão na cenografia e direção de arte (Gringo Cardia) e na iluminação (Jorginho de Carvalho). Os figurinos são de Claudia Kopke. A direção executiva é de João Elias, fundador da companhia.

Em cena, os bailarinos cobrem-se de lama, numa alusão às paisagens que o poema descreve, e os seus passos evocam os caranguejos. O animal que vive no mangue está nas ideias do geógrafo Josué de Castro (1908-1973), autor de “Geografia da Fome e Homens e Caranguejos”, e do cantor e compositor Chico Science (1966-1997), principal nome do mangue beat. O movimento mescla regional e universal, tradição e tecnologia. Como Deborah faz.

Para construir um bicho-homem, conceito que é base de toda a coreografia, a artista não se baseou apenas em manifestações que são fortes em Pernambuco, como maracatu e coco. Também se valeu de samba, jongo, kuduro e outras danças populares.

“A minha história é uma história de misturas”, conta Colker que foi a diretora de movimento da cerimónia de abertura das Olimpíadas do Rio de Janeiro.

Sobre a Companhia Deborah Colker

A Companhia Deborah Colker firmou-se como fenômeno pop em “Velox” (1995), “Rota” (1997) e “Casa” (1999). Os espetáculos “Nó” (2005), “Cruel” (2008), “Tatyana” (2011) e “Belle” (2014) trataram de temas existenciais, como os afetos.

Em “Cão Sem Plumas”, Deborah reúne aspectos de toda a sua carreira. Posteriormente, a Companhia realizou “Cura”, com o qual vinha se apresentando desde outubro de 2021.

Sobre Deborah Colker

Reconhecida internacionalmente, Deborah Colker recebeu em 2001 o Laurence Olivier Award na categoria Oustanding Achievement in Dance (realização mais notável em dança no mundo). Em 2009, criou um espetáculo para o Cirque du Soleil: Ovo. Em 2016, foi a diretora de movimento da cerimónia de abertura das Olimpíadas do Rio de Janeiro, comandando mais de três mil pessoas.

Sobre João Cabral de Melo Neto

João Cabral vivia em Barcelona, como diplomata, quando leu numa revista que a expectativa de vida no Recife era menor do que na Índia. A notícia foi o impulso para fazer “O Cão Sem Plumas”. O escritor publicou em 1953, “O Rio ou Relação da Viagem que Faz o Capibaribe de Sua Nascente à Cidade do Recife” e, três anos depois, a sua obra mais conhecida, “Morte e Vida Severina”. A sua poesia, das mais importantes do Brasil, é marcada pelo rigor e pela rejeição a sentimentalismos. Diplomata, João Cabral de Melo Neto viveu em Portugal entre 1982 e 1987, quando trabalhou para a Embaixada do Brasil, no Porto. Eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 15 de agosto de 1968, tomou posse em 6 de maio de 1969. Melo Neto faleceu no dia 9 de outubro de 1999, no Rio de Janeiro, aos 79 anos.

Cão Sem Plumas

Criação, Coreografia e Direção: DEBORAH COLKER

Direção Executiva: JOÃO ELIAS

Direção Cinematográfica e Dramaturgia: CLAUDIO ASSIS

Direção de Arte e Cenografia: GRINGO CARDIA

Direção Musical: JORGE DÜ PEIXE e BERNA CEPPAS, participação especial LIRINHA

Desenho de Luz: JORGINHO DE CARVALHO

Figurinos: CLÁUDIA KOPKE

Duração: 1h10 minutos

CÃO SEM PLUMAS EM PORTUGAL

LISBOA

Quando: 21 e 22, às 21h30

               23 de novembro, às 18h e 21h30

Local: Teatro Tivoli BBVA

Morada: Av. da Liberdade, 182

Bilhetes: de 20 a 40 euros

Venda de Bilhetes: AQUI

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