Terça-feira, Fevereiro 18, 2025
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Um bom lugar ao Sol

A proximidade dos palcos acaba por ser das poucas coisas que retiram alguns pontos a uma nota máxima neste primeiro dia (e obviamente nos seguintes) do Sol da Caparica: em momentos mais intimistas, como aconteceu na atuação de Fernando Cunha, o som de Léo Santana no palco principal facilmente invadia a celebração dos 25 anos a solo do homem dos Delfins, que fez lembrar noites de Resistência, acompanhado por amigos como Olavo Bilac ou Rui Pregal da Cunha.

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Fernando Cunha

Mas voltando ao final de tarde, tudo começou com comédia. Fernando Rocha encerrou as hostilidades, já com o primeiro concerto a decorrer num dos outros quatro palcos do recinto. Pouco depois, naquele a que poderíamos chamar “secundário”, se formos pelo tamanho, a bem-disposta e talentosa angolana Ary conseguiu juntar boa parte dos que iam ignorando a praia ali mesmo do outro lado da rua.

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Ary

Seguiu-se a primeira divisão de público, evidentemente com vantagem avassaladora para Carolina Deslandes, notoriamente emocionada pelo primeiro pisar de palco após o acidente de viação que envolveu elementos da sua equipa, reforçada pela música que dedicou às vítimas do mesmo.

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Carolina Deslandes

Não muito longe dali, Scró Que Cuia, mesmo com Bruno de Carvalho apenas presente em espírito, fazia já as delícias da pequena multidão que preferiu estar com ele, numa performance que até envolveu escalada no palco e descida do mesmo para entrar na dança entre admiradores.

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Já sabemos que “Brincadeira tem hora limite” e permitiu apreciar a maturidade de um Sippinpurpp, que tinha a juventude e não só rendida mesmo enquanto só o seu parceiro estava em palco e ia lançando som para aquecer ainda mais o ambiente. “Fato treino do City” e o já clássico “Sauce” foram alguns dos momentos mais altos num set que nunca acalmou, nem o rapaz de Ovar deixava, sempre a pedir gás.

Sem o poder da omnipresença, deu ainda para apreciar Paulo Gonzo, a dar quase tudo do melhor a que nos habituou, numa noite que a partir daí piscou o olho fortemente também à comunidade brasileira, que disse “presente!” e ajudou a fazer a festa alternada entre talentos dos dois lados do Atlântico. Gonzo foi substituído por Poesia Acústica, depois veio um Dillaz que quis deixar bem claro que aquela não era apenas mais uma noite na sua carreira de sucesso (e fez por isso), frisando múltiplas vezes que ia ficar guardada no coração.

À hora prevista para o término do concerto dos Kussondulola e pela quantidade de gente que de seguida invadiu a já mencionada atuação de Fernando Cunha, também os angolanos devem ter levado um banho de multidão, à escala do mais pequeno espaço onde atuaram.

Tudo isto enquanto Léo Santana provocava o êxtase em boa parte do mar de gente que o ajudou a encerrar esta primeira noite, que abriu claramente o apetite para as três que se seguem.

Texto | Hugo Vinagre Fotos | Jorge Torres Carmona
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