Apresentou-se pela primeira vez em Portugal um espetáculo diferente, de dança e humor da companhia Les Chicos Mambo.
“TUTU” é uma homenagem à dança, através da representação em palco dos passos de ballet e de dança contemporânea, com muito humor à mistura. É uma mensagem de liberdade artística e de espírito irreverente.
Estreou-se em 2014, no mítico Théâtre Bobino em Paris pelas mãos de Philippe Lafeuille, Diretor Artístico da Companhia, que assina a coreografia deste espetáculo.
Congrega em palco seis bailarinos detentores de uma exímia técnica que, ao longo de todo espetáculo, representam muitas personagens. Desafiando os clássicos e até os estereótipos através de cenas humorísticas e poéticas.
As imitações burlescas dos clássicos “O Lago dos Cisnes” e “Dirty Dancing”, “Bolero” de Ravel, “O Danúbio Azul” e o Tango. Tudo conjugado com as plumas, tutus de ballet e trajes exuberantes com os quais se apresentam em palco.
Este espetáculo é um verdadeiro sucesso.
A performance dos bailarinos é marcada pelo carisma e extravagância dos movimentos artísticos, que impressionam e surpreendem.
Quem se lembra do filme “Billy Elliot“? Em que um rapaz queria aprender ballet em vez de aprender boxe?
A vida de um menino, filho de mineiro, muda quando ele assiste a uma aula de ballet. O menino com um talento natural para a dança, fica dividido entre sua inesperada paixão e os problemas de sua família que é contra sua nova atividade.
E o filme “O Corvo Branco”? Biografia do lendário bailarino russo Rudolf Nureyev, conhecido por quebrar grandes barreiras entre o ballet clássico e o moderno, além de ter ajudado a transformar o papel do homem na dança.
O espetáculo “TUTU” estreou-se hoje, dia 19 de maio, às 21h, no Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa.
Teatro antigo, muito bonito e bem conservado. Veludos e estofos em tons de verde, muito agradável! Parece que decorreu uma viagem no tempo para os anos finais do século XIX, em que a elite da sociedade frequentava os teatros com os seus melhores fatos em veludo e outros tecidos de elevada qualidade.
Neste momento aqui não há protocolo ou etiqueta para as roupas. Cada um vestiu as roupas com as quais se sente mais confortável.
Ao meu vestuário acrescentei uma t’shirt onde está escrito:
“Um país sem professores, é um país sem futuro”.
Viva a Liberdade! Viva a Democracia!
O mais habitual é as bailarinas usarem o tutu como peça fundamental dos seus fatos de dança. Neste espetáculo seis homens de tutu quebraram estereótipos.
Afirma-se que o género é a construção social atribuída ao sexo. No entanto, a partir do ponto de vista das ciências sociais e da psicologia, principalmente, o género é entendido como aquilo que diferencia socialmente as pessoas, levando em consideração os padrões histórico-culturais atribuídos para os homens e mulheres.
Por ser um papel social, o género pode ser construído e desconstruído, ou seja, pode ser entendido como algo mutável e não limitado, como define as ciências biológicas.
O conceito da identidade de género não está relacionado com os fatores biológicos, mas sim com a identificação do indivíduo com determinado género (masculino, feminino ou ambos).
Assim, podemos libertar a imaginação e aceitar que o tutu tanto pode ser usado por pessoas do género feminino como do género masculino dado que é apenas uma peça de vestuário para a dança.
Os movimentos dos presentes em palco primam pela sincronia, leveza, elegância e muita força.
Quando terminou o espetáculo, descobrimos que o sétimo ser vestido de negro, com um tutu branco, que foi aparecendo ao longo do espetáculo com a cara tapada, afinal é uma mulher.
O coreógrafo ao ser chamado ao palco para receber os aplausos, convidou o público a colaborar,
cantando e dançando, exigindo movimentos fluídos e com ritmo.
E assim terminou um bom momento de fantasia, alegria e sonho, num mundo em que a igualdade de género tem pernas para dançar!
Texto | Lady Ororo Adonisa