O primeiro dia de Setembro foi o último do festival do Crato. Ninguém quis ficar de fora neste dia em que o festival mais famoso do Alentejo chegou ao fim. O recinto completamente cheio, onde era mesmo difícil circular, estava repleto pelos jovens que por estes dias fizeram da pacata vila alentejana a sua casa e que marcaram presença em todo os dias do evento. Mas também, por todos aqueles que até lá se deslocaram, jovens e menos jovens, famílias em que avós e netos partilharam a mesma alegria fazendo a festa acontecer.
A noite começou e foi Blaya quem abriu o palco do festival. A artista, nascida no Brasil, mas a viver em Portugal desde os dois meses cantou, dançou e fez o público dançar. De tal modo que escolheu alguns dos jovens presentes para irem ao palco fazer algumas demonstrações das suas danças. Blaya conquistou todo o público, com a música, com as “histórias” para que pediu participação, mas acima de tudo com a sua alegria e energia contagiantes.
E, se a noite já vibrava, atingiu o seu auge com o segundo grupo a pisar o palco. Os Expensive Soul, dois músicos de Leça da Palmeira, fizeram espetáculo não só com a sua música, mas também com a interação existente com a banda que os acompanha, formando uma unidade difícil de separar. Os instrumentos de sopro dançaram nas mãos dos seus instrumentistas e o seu brilho foi o brilho da atuação deste grupo. Como não podia deixar de ser, todo o público aderiu dançando e pulando com o grupo bem sedimentado no panorama musical português.
Apesar da sua antiguidade, nada mudou com a entrada em palco de Xutos e Pontapés. A banda de rock, formada em Lisboa nos finais dos anos setenta do seculo passado, não deixou ninguém indiferente. O público, muito dele vestido com camisolas da banda, vibrou com as músicas que lhe estão na cabeça mas também no coração. Se uns assistiram à sua formação e acompanharam a sua evolução, outros conheceram-nos já adultos, mas todos, todos sem exceção estiveram ali numa perfeita simbiose com esta banda que há pouco tempo se viu mutilada pela partida do seu fundador o guitarrista Zé Pedro.
Neste ambiente quente de verão, a noite caminhava para o fim, mas como todos queriam que não acabasse, ninguém arredou pé e foi com o DJ Nuno Luz e o DJ Beatbombers que a música não deu tréguas e a noite continuou madrugada dentro. Foi em festa que o festival do Crato chegou ao fim!
Em jeito de balanço, não podemos deixar de dar os parabéns a toda a produção do festival pela organização do mesmo. Foram quatro dias de festival mais um que o antecedeu, de boa música em que a festa aconteceu. Adeus Crato, até para o ano.
Texto: Helena Maria Naré
Fotos: Jorge Torres Carmona